Quem sou eu

domingo, 29 de janeiro de 2012

A primeira maratona a gente nunca esquece - por Rodrigo Fonseca, Gerrit Dutchman e Marcel Pracidelle

Relato de 3 amigos sobre suas respectivas experiências ao concluírem a primeira maratona na cidade de São Paulo, em 02 de Maio de 2010.

Aproveitando a data... Feliz Aniversário, Rodrigo!!


Rodrigo Fonseca


Vamos engolir o orgulho e falar dos fatos. Tudo ia bem até o km 25. Não sei se foi a chegada, as pessoas parando ou muita gente que começou a andar nessa hora. Com o "tanque" cheio, também fui obrigado a fazer um pit stop, e depois disso sumiu do meu corpo o Corredor que eu pensava que era. Minha esposa me esperava no km 33, o que me deu motivação para, mesmo contra minha cabeça, não pensar em desistir. 
O Gerrit, que havia (acreditem ou não) começado mais de leve, me alcançou e fez um lanchinho comigo (até o apresentei à minha família que, incrédula, via eu me arrastando para fora da USP). Seguimos trotando e soltei o freio de mão do Gerrit pedindo a ele para seguir adiante - andei mais um pouco. Nessa hora, passa uma japonesa gritando "a dor passa, o orgulho fica!". Me apeguei ao orgulho (já estava no 35) e fui trotando. No túnel Jânio Quadros (km37), o orgulho me abandonou, e continuei somente pela "honra". 
Já no túnel do TJ (km39), deixei a honra ir embora e só fiquei com a "teimosia"... quando a teimosia ameaçava me abandonar, tive a melhor surpresa do dia: no km 41 minha esposa Flávia me esperava já aquecida, prá me puxar no último km. Foi uma chegada inesquecível e o abraço no amigo Gerrit após a linha de chegada (4h45') fez toda a experiência ter valido a pena, embora ambos concordemos que ainda não somos dignos da alcunha de "maratonista". 
Não sei o que dói mais, se as pernas ou o orgulho ferido... Dias antes da prova, eu falava que era tudo uma questão de "cabeça, hidratação, glicogênio e muita raça!". Faltou combinar com as pernas. Além disso, a falta da musculação e os longões "matados" cobraram um preço caro, mas deram uma boa estória prá contar... é isso! 



Gerrit Dutchman

Gente, hoje foi demais! Esquece o tempo final, isto não importa. Tenho 45 anos e chorei quando finalmente cruzei a linha da chegada. A emoção de terminar a primeira maratona na vida é algo incrível. Bem, Rodrigo já contou, assim como o Marcel. 
Lá fomos nos às 9 hrs de manhã. Devagar, devagar para não quebrar. 21.1km em umas 2 horas, se não me engano. Ritmo da primeira metada 5'40" por aí. Tudo, tudo, realmente tudo perfeito. Que felicidade, que festa! Tava quente? Sim, mas tinha bastante água (às vezes quente ) e levei sal, gel e no km25 fizemos o primeiro pit stop para tomar Gatorade. 
Depois do km 25 acabou ... o ritmo caiu para 6'30", sei lá, tava bem devagar, tudo doía, a barriga, as costas, pernas, pé. Encontrei o Rodrigo e bati um papo lá no km 33 com a familia e a esposa dele. Depois de uns 2 minutinhos fomos embora. Trotando, do jeito que deveria ser. O meu quadril doendo, a panturilha doendo, o joelho direito e o calcanhar chorando de dor. Quando chegamos na descida de um túnel pequeno pedi pra Rodrigo para andar um pouco, para aliviar o impacto no joelho. No ponto mais baixo começamos a correr de novo, mas foi aí que o Rodrigo pediu para eu seguir em frente. Fiquei preocupado, mas tinha muitas 'socorristas' no caminho. Lá no km 41 vi a esposa dele novamente, contei que o Rodrigo já estava chegando e segui em frente. Quando eu vi o pórtico de chegada nem acelerei. Fui corrende feito um velhinho de 80 anos, hehehehe, acho que com pace de 8min/km. Cruzei a chegada, bem longe da meta de sub 4h. Deu 4:39 mas isto foi o que menos importou. Chorei feito uma criança, de tanta emoção. Fui tomar água gelada, me recuperei um pouco e voltei para a linha de chegada para esperar o Rodrigo. Que alegria quando vi o boné cinza! Estava correndo junto com a Flavia. 
Gente, principalmente para maratonista de primeira viagem, posso dizer que correr é uma coisa, correr maratona é outra coisa. A gente corre 5k, a gente corre 10k, as vezes fazemos um longão de 15k e um dia arriscamos correr uma meia maratona. Confiante, enfrentamos a primeira maratona. Sabemos que vai ser duro, afinal é correr uma meia maratona e, sem parar, mais uma outra meia... Mas o que a gente enfrenta depois de 2,5 horas correndo não tem nada a ver com corrida. Depois de 2,5 horas começa uma luta que só com o coração podemos vencer. A velocidade é baixa, o coração deve bater tranquilamente, afinal não estamos nem correndo, estamos trotando. Tudo dói. 
Mas valeu, e como valeu! Esta vai ficar para sempre. Posso talvez, no futuro, quem sabe um dia, fazer um tempo melhor. Mas esta primeira, esta emoção vai ficar para sempre. 


Marcel Pracidelle

Cheguei, estou vivo e quase inteiro. Que emoção é correr uma maratona, o esforço de meses e um estilo de vida traduzidos em 42km. Posso afirmar com certeza que é uma prova extremamente mental, um jogo contra o nosso próprio corpo e mente. Fui ousado, talvez não devesse, era minha primeira maratona, mas achei que estava bem treinado e arrisquei, passei os primeiros 10km em 52'30" sobrando, sem sentir nada. Ritmo forte já que os 2 primeiros km foram caixote total. Passei o Gerrit e o Rodrigo na marginal, os cumprimentei e fomos em frente. O Raphael endorfina eu passei lá pelo 7 ou 8... Cruzei os 20km bem em 1'43", quer dizer, mais 10km em 51min. Sem sentir pernas nem nada. A passagem dos 30km fiz em 2'35" bem, mas minha musculatura começou a falar que estava lá. Passei os 34km em 2'57" e não posso dizer que quebrei, eu me esfacelei. Comecei a sentir caimbras em músculos que eu nem sabia que existiam, era um tal de pára, alonga, anda, trota. Pára, alonga, anda e trota. Fui firme mas o ritmo despencou totalmente, não sei se foi o calor, a falta de musculação, o ritmo puxado no início... Só voltei a correr consistentemente no 40km onde prometi para mim mesmo que não andaria mais. E assim foi. Nos últimos 500m da prova eu corri chorando e fechei em 4'05". Fiz os últimos 8km em 1:08h e não me frustrei nem um pouco. Foi na raça, na raça mesmo. 
Agora e descansar bastante e encarar Buenos Aires em outubro, se possível sem caminhadas. Posso dizer: "sou um maratonista". Abraços a todos.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Do fim para o começo - por Julio França


Digamos que essa é uma estória invertida, ou seja, ao invés de ter uma prova para contar, é uma estória que começou com a inspiração de uma grande amiga, e que buscarei tangibilizar o sonho durante os próximos seis meses.

Eu sempre pratiquei muito esporte: 
a) basquete dos 10 aos 25 anos
b) uma fase sedentária entre 25 e 28 anos devido ao trabalho
c) desde então, uma fase muito intensa com 10k's, meias e full maratonas, triatlos, half-iron mans, 100 milhas de bicicleta, e por aí vai. 

E sempre buscando alta performance: 
a) no basquete representava a universidade, clubes e até mesmo fui convidado a jogar a primeira divisão quando jovem
b) na corrida e triatlo, com tempos cada vez melhores, mas nada excepcional (melhor maratona em 3:45h, melhor 1/2 iron-man em 5:30h e por aí vai.

Entretanto, minha performance nunca mais foi 'brilhante' após 1996, quando eu tive uma torção do ligamento cruzado anterior esquerdo (ele se distendeu muito, embora nao tenha rompido), junto com uma cisão no menisco. Naquela época, a medicina não estava tão avançada e, na ocasião, me deram 2 opções: 
1) 'faca' ou cirurgia (reconstrução do ligamento e menisco, com um tempo de recuperação de 6-9 meses)
2) método menos agressivo, atraves de fisioterapia, musculação e natação. 

Decidi pela opção 2 e, em 6 meses, voltei à ativa, mas de longe sem a mesma confiança e performance do passado.

Bem, isso foi em 1996... Naquela época o médico, um dos grandes 'medalhões' da medicina esportiva, me disse que a solução funcionaria por muito tempo, mas que em alguns anos/décadas, a 'distensão' se agravaria e eu teria que fazer uma cirurgia.

Estamos em 2012. Escrevo esse texto de um quarto do Hospital Albert Einstein em São Paulo, onde fui operado ontem à noite. Reconstruíram o ligamento com um enxerto de tendão de minha perna, consertaram o menisco e algumas cartilagens ósseas que se danificaram ao longo do tempo. 2 horas de operação, 2 semanas de muleta, 2 meses até começar a correr novamente, alta total em 6 meses. Em 90% dos casos o paciente volta a ter 100% da performance. No meu caso isso se traduzirá em poder manter uma rotina de treinos constante, sem dores e correr 'pequenas' provas (não pretendo correr 'ultra' provas de longas distâncias).

Mas voltando ao começo do texto... Por que essa é uma estória de inspiração e contada, espero eu, de maneira inversa? Bem, primeiro, porque pretendo recuperar-me 100% para que eu volte a ter uma performance competitiva, diferentemente das limitações com que pratiquei esportes nos ultimos anos. Segundo, e muito mais importante para mim, foi a inspiração que recebi ao longo das últimas semanas, de uma pessoa que se tornou rapidamente uma grande amiga, e que por 'coincidência', tem um blog chamado 'Confissões de uma Corredora': Rivania Moreira.

Por que eu considero essa inspiração decisiva na minha virada de mesa? Primeiramente, pelo excelente blog que ela criou, com matérias sucintas, atuais e muito relevantes, para um amplo espectro de corredores e não-corredores. Além disso, um livro em especial que a Rivania me presenteou recentemente ("Operação Portuga") que me mostrou que, tecnicamente e mentalmente, meu problema é 'fichinha' comparado com outros casos de superação atlética e mental apresentados nesse livro. E por fim, porque a própria pessoa da Rivania para mim é um exemplo de virada de mesa e inspiração, prova de que com disciplina, vontade e um coração aberto para ajudar os outros, tudo é possível. 

Que fique claro aos mais céticos, o último parágrafo é realmente uma total 'encheção de bola' da Rivania, mas ela foi, sem sombra de dúvida, o grande catalisador que acendeu a chama dentro do esportista novamente.

Obviamente, tenho que agradecer à minha esposa, meus pais, meus amigos, à equipe médica pela ajuda nos últimos 6 meses, tempo entre a primeira consulta e a cirurgia ontem à noite. Agora agradeço especialmente à Fiorella, minha filha de 2,5 anos. Por que? Bem, porque ela tem acompanhado as minhas limitações esportivas, e prometeu que iria 'consertar' o joelho do 'Daddy' (meu apelido para ela). A carinha dela no quarto quando voltei da cirurgia, vale qualquer obstáculo que encontrei e ainda vou encontrar. E pensar em poder a voltar a correr, por exemplo, 10km com ela daqui a alguns anos, sem dor, por si só ja valerá todo o esforço desse mundo.

Enfim, fica aqui minha simples estória. Aos que amam esportes, mas estão meio 'quebrados' como eu, não hesitem, animem-se. Não deixem para amanhã o que pode ser resolvido hoje. No longo prazo, uma vida com privações esportivas pode trazer complicações muito maiores, física e mentalmente. 

Sucesso a todos.

Julio França
17/fev/2012

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Valia 20k e um engradado de cerveja - por Patrícia Rebello


"A partir de hoje você vai correr conosco duas vezes por semana", disse um dos treinadores da academia que eu frequentava em Minas, na minha cidade natal. A afirmação, que mais me pareceu uma intimação, significava para mim abortar o famoso treino 3x2 (3 minutos andando, 2 minutos correndo) recentemente iniciado nas esteiras.

O começo não foi fácil (em questões de condicionamento) e correr nem era tão prazeroso assim. O que ajudava (e muito) era que as corridas aconteciam em grupos: nos encontrávamos em frente a academia e corríamos pelas ruas da cidade (sim, minha cidade não tinha nenhum parque, ou avenida com pista de corrida. Era no meio da rua, literalmente!). Entrei no mundo das corridas com afinco! E com alguns meses de treino me surgiu o convite desafiador de correr até a cidade vizinha, ao redor de 20k. Na hora dei risada! Eu, a amadora das amadoras, correr 20k?? No fundinho do meu coração queria o desafio, mas a quase certeza de não dar conta me impedia de aceitar. Nunca havia corrido nada além de 10k (que por sinal já era com muito esforço), correria 20k? Topei! O professor que me convidou explicou que uma van acompanharia, então teríamos água durante o percurso e caso não aguentássemos subiríamos no carro (humpf, é ruim hein?).

O desafio era uma brincadeira, não era competição, nada do tipo! Do grupo (11 pessoas), 9 homens e apenas 2 mulheres, sendo eu a mais nova da turma. Foi um tanto quanto constrangedor quando aquele bando de "marmanjo" me olhou, riu e comentou algo entre eles. Na hora saquei que duvidaram que eu alcançasse os 20k. Beleza! Eu também não acreditava muito.. mas queria ver até onde eu chegava! Queria me testar, chegar no meu limite!

Partimos. A corrida foi bem tranquila! Embora cada um tivesse um ritmo diferente, por pelo menos 10k todos estavam juntos. Depois fomos nos separando.. trios, duplas, cada um na sua.. Eu estava no ritmo da outra garota e seguimos juntas até alcançarmos 15k (opa!! 15!!). Paramos para hidratar e ela disse "eu desisto, vou entrar na van!". Eu estava beeeem cansada, mas não queria desistir, queria ir além, nem que eu andasse no final, queria chegar lá! Então eu pedi a ela que me acompanhasse, como não havia dores e sim cansaço, eu insisti! Ela se rendeu e seguimos! Logo no início já nos separamos. Eu segui um pouco à frente. E fui correndo no meu ritmo.. passando um... dois... três...! Cheguei!! Uhhuu! Que alegria, que realização! Que sensação de "quando vamos fazer isso de novo?". O mais engraçado de tudo foi a comemoração de um dos colegas quando cheguei: "Aeee, ganhei!! Eu ganhei!! O engradado é meu". 
Pois é, meus caros, os "marmanjos" apostaram que eu não chegaria e se surpreenderam! O único que acreditou em mim levou a bolada: um engradado de cerveja. Rá! Ri, levei na brincadeira, o restante do pessoal chegou e todos comemoramos juntos... a vitória de cada um! Depois desse dia eu tive a absoluta certeza que queria praticar a corrida... sempre! Ela me fazia bem, me faz bem!

Com a minha mudança para São Paulo (isso faz oito meses), fiquei um tempo "parada", me ambientando na cidade. Mas logo, logo eu descobri as tais assessorias esportivas. Em Minas (no sul de Minas pelo menos), não se fala nisso! Eu não sabia que existiam, nem como funcionavam. Logo que descobri fui experimentar. Opa! Fisgada de novo! Há cerca de 6 meses estou praticando Run&Fun duas vezes por semana, no parque Ibirapuera e a-do-ro! Estou bastante feliz e decidida a entrar no mundo das provas este ano.

Inclusive, neste último Sábado, 14, eu fiz repeteco desta corrida com a tchurma mineira! Como não treino o tanto que este percurso exige, não sabia se teria o mesmo pique do ano passado e completaria os 20k. Engano meu, a história se repetiu (mas desta vez sem apostas) e eu fiquei ainda mais amante desse tal bichinho da corrida, rs!

Agradeço à Rivânia, minha musa insipradora das corridas, que me cedeu este espaço para dividir com vocês um pedacinho da minha história. Espero voltar aqui um dia, para contar como ela continuou, porque final acho que esta história não vai ter não!

Um beijo e ótimas corridas a todos os leitores!

Patrícia Rebello

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Uma das últimas vezes em que fiz algo pela 1a vez: Maratona de POA 2011 - por Ruy Barbosa Jr.

Data: 22 de maio 2011
Cidade: Porto Alegre/RS
Horário local: 7AM


Faltavam apenas 15 minutos para a largada masculina da 28ª Maratona Internacional de Porto Alegre/RS.
Ali, naquele exato momento, iniciava-se o desafio para cerca de 200 mulheres e, no momento seguinte, aproximadamente 1200 homens inscritos já começariam a disputar uma melhor posição na linha de largada.

Uma olhada à minha volta e lá estava a espécie humana representada em toda a sua diversidade. Outra observada e lá estavam: Maratonistas experientes e promissores maratonistas cheios de esperança como eu. Vi olhares distantes e concentrados, vi gente se movimentando de todas as maneiras buscando aquecer o corpo e amenizar a ansiedade.

Ainda hoje, fecho os olhos e consigo sentir a confusão de sentimentos daqueles minutos que antecederam a largada. Tive medo e coragem, muitas certezas e dúvidas, etc...  Naquele breve espaço de tempo, um verdadeiro pot-pourri de imagens e lembranças tomou conta dos meus pensamentos. Momentos marcantes de tudo que tinha vivenciado na minha fase de preparação, como a camaradagem, admiração e apoio dos amigos (e a incredulidade de outros), da dificuldade de levantar da cama de madrugada para um treino ainda com o corpo dolorido do treino anterior, das lesões que foram surgindo e sendo tratadas  sem interromper os treinos (com acompanhamento médico... claro), da dificuldade de conciliar horários, vida profissional e familiar com os treinos... Lembrei-me da primeira vez que corri uma distância superior a 21k. Houve um longão de 32K que finalizei em frente à tenda da assessoria, comemorando como se tivesse marcado um gol. Cheguei tirando a camisa e a jogando para o alto, vibrando muito! E isso foi um sentimento que aflorou naquele momento de forma muito natural...  Fugindo muito das minhas características pessoais que é de sempre ser mais contido e discreto.

07h15min - E foi dada a largada...

O meu objetivo, já para minha primeira maratona, era emplacar um sub 4h. Meus treinos foram realizados com muita disciplina e dedicação. Sentia-me tão forte e confiante que até anunciei publicamente esta meta. Mas, Maratona is Marathon!

O meu nível de concentração e foco na prova eram tão grandes que corri 37k sem perceber, dentro do ritmo planejado para sub 4h (Pace5:30 / 5:40). Teve uma pessoa que me acompanhou por uns 20/25k apoiando-se no meu ritmo e, isso foi muito bom, pois mesmo sem trocarmos uma única palavra, apenas unidos pelo som dos pés em contato com o chão, o apoio acabou sendo mútuo... Confessamo-nos depois.

A organização da prova tinha prometido circuito plano e clima frio. Cumpriu apenas 50% da promessa. A prova foi realizada sob um atípico calor com uma temperatura que atingiu a marca de 26ºC, incomum para o outono naquela região.

Após o km 37, já próximo de 11h da manhã, o calor apertou. Desconcentrei-me e deixei escapar o meu sub4h. Na reta final ainda tentei animar um desconhecido que se arrastava (vamos lá! Falta pouco! Vamos chegar juntos!) que parou próximo ao km 40. Desperdicei também a oportunidade de sair na mesma foto de chegada de um grande amigo, maratonista experiente que sofreu muito com sua companheira “panturrilha” e que chegou apenas 1 minuto à minha frente. Se tivesse apertado um pouquinho só, teria tido a honra de cruzar a linha de chegada com o grande mestre Sergio Xavier. Mas acho que isso seria uma mancha sem precedentes no currículo dele.

Cheguei inteiro, com a sensação de que poderia mais, feliz e realizado por ter me tornado um “Maratonista”, mas ficou um pouquinho de frustração por ter deixado escapar a minha meta na prova. Esse sentimento durou quase dois meses. Somente após as Maratonas de SP (junho) e Rio (julho) que caiu, verdadeiramente, a ficha. Não participei destas provas, mas acompanhei à distância vários amigos e pessoas conhecidas, e pude perceber o que realmente valeu: Completar uma maratona é um grande feito, uma grande vitória, uma grande realização pessoal... Não importa o tempo.


Ruy Barbosa Júnior



sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

GP Runners: A Corrida de Fórmula A - por J. Carino

Domingo de sol. Interlagos brilha e os bólidos de quatro rodas rebrilham e roncam. Emoção e beleza pura.
Imaginem agora Interlagos convertida na pista dos “bólidos” que aceleram impulsionados por pés e pernas, enfrentando o desafio das subidas e descidas, e curtindo o prazer de correr. Pois o GP Runner´s 2011 foi assim.


Com a “carenagem” do corpo pintada pelo laranjinha da bonita camiseta, lá vamos nós, os corredores.. O ronco dos motores estão substituidos pelas batidas compassadas do coração alegremente acelerado; à frente e atrás (no retrovisor da virada de pescoço), a gente vê gente bonita, saudável e contente; no céu, um cobertor generoso de nuvens que, combinado com um ventinho agradável, criaram as condições perfeitas para essa gostosa corrida de 7 de setembro.


Os tênis amortecem nossas passadas firmes, na pista inclinada e frisada, que garante a aderência. Aí estão as chicanes, as áreas para as escapadas seguras dos carros e as marcas de pneus – registros irrefutáveis das derrapagens carregadas de emoção. Até um cheirinho de borracha queimada podemos sentir, mas só lá no fundo de nossa imaginação...

Aliás, imaginem, a descida da “curva do S”, do Senna, convertida numa ladeira íngreme. Ela e mais umas duas outras subidas exigiram bastante dos nossos “pistões”, de nossa respiração treinada, na “combustão” que gera energia, saúde e prazer. 


Para uns, 5k e uma volta de esforço e determinação; para outros, duas voltas, ou 10k de energia, concentração e igualmente boa dose de adrenalina e prazer. Como antes e depois de toda corrida houve, é claro, o encontro com amigos e conhecidos, alguns inclusive que naquele momento se transformaram de virtuais em reais. Suados, cansados e felizes, mergulhamos nas conversas, nos abraços e na confraternização.  


O “Bonde do Cincão”, de que falou o Sérgio Xavier, traduz bem o espírito desse esporte e especialmente dessa corrida. Cinco corredores chegaram juntos, simbolizando todos os amigos e companheiros corredores presentes. Não se corre “contra”, mas “com” amigos, conhecidos e mesmo com estranhos.

Esse é o grande objetivo: vencer não as provas, mas vencer primordialmente nossas limitações pessoais, nosso eventual cansaço, e chegar junto com os que partilham nosso esporte, nossos desafios, nossos ideais.
Faltando apenas 4 dias para meu aniversário de 66 anos, foi assim que vi e senti essa corrida em Interlagos. Para a qual, aliás, imaginei um nome: GP Runner´s 2011 – a corrida de Fórmula “A”, de Amizade.

J. Carino, o “poeta da boina”



Relato sobre a prova GP Runners - Setembro 2011

Laranjinhas = grupo de amigos Corredores que seguem o "Blog Correria" da Revista Runners World e que participam de provas Brasil afora vestidos com o "manto laranja", símbolo do Blog

sábado, 7 de janeiro de 2012

Um Drink no Inferno - por Rodrigo Fonseca


No domingo, 17 de Abril, 8.000 cobaias tiveram a chance de sentir na pele os efeitos retratados na reportagem da Runners World deste mês. Sobrou calor na Corrida da Ponte, uma meia maratona "esticada".
 
Quem queria praia, comemorou o bafo e a "lua" que São Pedro mandou pra São Sebastião, e aos corredores coube a missão de passar muito protetor solar, hidratar-se sem moderação e se preparar pro veranico (hein?) que passou pelo Rio durante a este final de semana.
 
Nos encontros e desencontros laranjinhas, fui de táxi com o Nishi pegar a barca na Praça XV e lá encontramos o Chester, depois vi Carino, Yeda, Edu Elias e Daniel Neves. A largada foi tranquila (o funil abria nos primeiros 200 metros, com uma avenida bem larga). A temida subida do vão central da ponte, com seus 2,0 km, nem era tão temível assim... por fim 2,5% de inclinação não eram um bicho tão feio, até porque naquela altura da prova, as pernas ainda estavam inteiras...
 
Mas falemos da sauna... contra ela tínhamos somente água e raça, e convenhamos que raça não faltava a quem havia levantado 5 da manhã prá encarar aquele forno. A organização prometia "hidratação" a cada 3 km, o que de todo não resolvia, mas ajudava muito... no km 3, 6 e 9, tudo perfeito, água em abundância, gelada, como manda o figurino. Um golinho na boca, e o resto (uns 80~90%) prá não deixar a "moleira" derreter.
 
E aí o problema foi a "semântica" (hãã???? ). Pois é, para os organizadores, água gelada, gel de carboidrato (km 12) e isotônico azul (km 15) são a mesma coisa: "hidratação". Tá bom, o isotônico até passa, mas como falei, 80~90% eram prá resfriar a cuca, então me diga, alguém aqui joga aquela meleca gosmenta ou aquele caldo doce na cabeça??? Nem eu! Resultado: do km 9 ao 18, foi como se todos os motores ficassem sem radiador, e naquele inferno, ferveram!
 
Ouvi estórias de muita gente na chegada, e todas elas tinham um ponto em comum: "comecei a perder o ritmo no km 12, e quebrei antes do km 15". Não foi por acaso... Bem, depois do isotônico, a vida ainda poderia valer a pena, e para aqueles que conseguiram alcançar com alguma dignidade o oásis do km 18 (sim, lá tinha água gelada, depois de 9km de seca), o final de prova - majoritariamente em descidas - era a última estação do calvário daquela manhã.
 
Eu pessoalmente tive uma experiência sensacional nos últimos 3km de prova, que coincidentemente ocorreu também com o amigo Chester: um outro corredor próximo a mim estava no mesmo ritmo, e assim como eu, se esforçava para mostrar que aquele esqueleto assado e maltratado pelo asfalto ainda podia render passadas um pouco mais velozes... fomos os 2 em silêncio, numa sincronia incrível, como se já nos conhecêssemos e treinássemos há anos, e ao mesmo tempo nos respeitando para não forçar demais... no barato da endorfina, e com os miolos cozidos, comecei a imaginar que seríamos quenianos, liderando um pelotão de elite, preparando a arrancada final para a consagração!
 
Ok, você me conhece, a competitividade falou mais alto nos metros finais e disparei ao som de "Smiley Faces" (Gnarls Barkley), meu "KERS" em forma de música. Mas após a chegada, fiquei esperando prá dar um abraço no amigo anônimo, e agradecer por ter dado um novo sentido àquela prova infernal, da qual eu certamente me lembrarei por muito tempo. Não consegui pensar num outro esporte que pudesse me proporcionar um momento tão inspirador. Se não amamos a corrida, que outra explicação existe prá tanto sacrifício?

Rodrigo Fonseca

Relato sobre a Meia Maratona da Ponte (Rio-Niterói) - Abril 2011
Laranjinhas = grupo de amigos Corredores que seguem o "Blog Correria" da Revista Runners World e que participam de provas Brasil afora vestidos com o "manto laranja", símbolo da Revista e Blog

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Parabéns prá você!


"Parabéns prá você, nesta data querida
Muitas felicidades, muitos anos de vida"



Sim, este é mês de aniversário! 1 ano deste blog. 1 ano que resolvi seguir o conselho de uma amiga Corredora (a Dani Fonseca) e colocar aqui algumas confissões, falar de provas de rua, transcrever textos.

Passou rápido... como alguns quilômetros passam em algumas provas. Passou rápido como a vontade que dá de desistir de alguns treinos. Mas aí nos lembramos da sensação pós treino, colocamos tênis e pé na estrada, na pista, na esteira...

Mas hoje eu vim aqui para escrever pela primeira e última vez em Janeiro. Sim, este é meu último texto do mês... Você quer saber se vou tirar férias do Blog? Não!!

Neste mês, o aniversário é do blog, mas o espaço é seu!

Deixe eu te contar mais da minha proposta: eu quero te convidar a publicar aqui durante o mês de Janeiro. Você faz a pauta. Você nos conta a sua história no mundo da corrida, do esporte!

Pode ser uma história feliz. Uma história triste de final feliz. Uma história engraçada. Uma competição que te marcou. Uma curiosidade de uma viagem que você fez para competir. Um recorde batido. Um treino diferente. Um treino comum! 

Vale qualquer história. Mas tem que ser a sua história! E nem adianta dizer que você não escreve bem, que não tem tempo, que não sabe se vai agradar todos os leitores, que nunca fez isso na vida, que é melhor falando que escrevendo. Esses argumentos que às vezes usamos para evitar experimentar algo novo.

Experimente falar de você aqui neste espaço. Ele é oficialmente seu agora! Se quiser preservar sua identidade, fica aqui meu compromisso de Corredora: não divulgo seu nome. Mas conto a sua história. Confesso que sou boa para guardar segredos!

E como vai funcionar isso? Muito simples: a partir de agora, você pode me mandar a sua história por email. 

Anote aí:  rivilela18@yahoo.com.br

Será um prazer deixar este espaço todo para você. Obrigada pela companhia neste primeiro ano. Agora sopre a vela comigo e me mande seu texto!

Até Fevereiro!