Quem sou eu

domingo, 31 de dezembro de 2017

Um 2018

Chego aqui de novo, neste mesmo dia 31 de dezembro, mas agora de 2018, para relembrar que quase todas minhas resoluções do até então ano novo e agora ano velho de 2017, foram cumpridas.

Não li todos os livros que queria ler, mas corri minha sonhada 10a meia maratona.

Não foi a mais rápida de minhas meias, mas foi a mais surpreendente delas. 

Experimentei passar meses sem correr após a meia, em prol de décadas que ainda quero correr livre por aí.

Hoje, após receber fotos e reconhecimento de uma amiga que correu a São Silvestre treinando com planilhas que fiz para ela, fiz as contas e percebi que “planilhei” 10 amigos em 2017. Me comprometi a ajudar mais gente nesta área, neste ano. Eles me agradecem por isso, mas sou eu quem devo agradece-los. A persistência e a superação destas pessoas me retroalimenta singularmente.

Foi um ano 10. E para você que me lê agora, desejo mais que um ano 10, desejo um 2018!



segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Pace de coelho

Hoje publico o texto de um amigo, corredor e leitor assíduo. Foi ele um dos responsáveis por eu voltar a escrever há 2 anos. Ele me influenciou a voltar a publicar ao afirmar que meus textos, transcritos ou redigidos por mim, traziam conteúdo relevante para corredores e para corredores que gostam de correr. 

Sim, estas são categorias de corredores muito diferentes. Há os que correm. Há os que correm e o fazem por muito prazer. 

Thiago está aí neste 2o e sortudo grupo! E ele entende não apenas de corrida, mas do periférico que a cerca. E corre muito. Digamos que corre como um coelho!

Muito obrigada pelo texto e pelo incentivo ao blog nos últimos muitos anos, Thiago!

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"Quando o coelho acordou, não viu a tartaruga e começou a correr.
Já na reta final, viu finalmente a sua adversária cruzando a linha de chegada, toda sorridente."

Provavelmente todos conhecem esta fábula, uma das mais ensinadas no colégio e pelos familiares. Não vou perder tempo explicando que é sobre um coelho (ok, ok, às vezes é uma lebre) que dorme por ter muita confiança em sua velocidade e acaba perdendo pra uma tartaruga muito persistente.

Por mais irônico que seja, ela se transforma em uma espécie de profecia, uma vez que na corrida de rua no Brasil, "coelho" é o termo usado para se referir ao corredor contratado pela organização da prova, com o intuito de ditar o ritmo aos demais participantes. A imagem do coelho parece estar fadada à velocidade, mas não à vitória: embora estejam à frente do pelotão principal por praticamente toda a prova, não se espera que eles sejam os vencedores.

Diferente do coelho da fábula, os coelhos da corrida não costumam pegar no sono: muito pelo contrário, eles precisam estar atentos ao ritmo a todo instante, com o objetivo de atingir um tempo pré-determinado em uma distância específica, para então cederem lugar aos participantes da elite
ou mesmo abandonarem a prova antes de cruzarem a linha de chegada.

"Ele é o pastor sem cajado, o maestro sem batuta, algumas vezes totalmente desconhecido aos corredores de elite aos quais ele está ditando o ritmo."

Aqueles que atuam como coelhos se consideram parte de uma espécie de tradição. Aliás, em alguns casos, estes atletas se voluntariam para isso. Conhecidos como coelhos por aqui, lá fora são chamados de pacemakers (marcadores de ritmo). Os coelhos costumam ser bem aceitos, tanto por amadores quanto por atletas de elite. E não é raro acontecer a vitória por parte de um coelho.

Recentemente, até Wilson Kipsang, o ex-recordista em maratona (recordista na época do ocorrido) já foi superado em uma meia maratona por um deles.

Mas nem todos parecem admirar a presença de coelhos. Títulos de matérias como "Let's have races, not rabbits" (vamos ter corridas e não coelhos) dizem tudo. Entre as Majors (as seis grandes maratonas mundiais), pelo menos duas (Nova York e Boston) não têm a tradição de utilizarem coelhos.

“Coelhos estão arruinando o atletismo, porque estão sendo pagos para perder.” Pat Butcher - comentarista esportivo do "The Guardian"

Dá pra entender o ponto de vista dos mais puristas, se pensarmos até onde os coelhos causam impacto nas corridas. Pela lógica, a maratona no início não contava com coelhos. Sabe-se que as olimpíadas da antiguidade se inspiraram nos feitos gregos e, aparentemente, não há relatos de que Fidípedes tenha usado um marcador de ritmo ao cumprir o lendário feito de cruzar a distância entre o campo de batalha e a cidade de Atenas.

Voltando à atualidade, mais recentemente, a Breaking2, evento que visou romper a barreira das 2 horas na distância dos 42.195m (não confundir com uma maratona), contou com nada menos que 30 coelhos, que se revezaram sempre, mantendo constantemente 6 corredores em formação de aves (aquele famoso V). Este enorme grupo de atletas, ou seja essa "coelhada" toda se manteve à frente daqueles que tentariam correr abaixo de 2 horas, no intuito de economizar a energia do grupo. Muita gente se empolgou com o feito (mesmo não atingindo o objetivo).

Eu confesso que nesse ponto, sou corredor "de raiz" demais para curtir isso... mas não condeno quem assistiu.

E um fato curioso é que pelo menos um dos mais famosos corredores brasileiros iniciou sua carreira no atletismo como coelho: ninguém menos que Vanderlei Cordeiro de Lima (o cara que acendeu a tocha olímpica, para os menos familiarizados). Isso mesmo: embora em 1992 ele já havia sido quarto lugar na São Silvestre, em 1994 ele foi contratado para ser o coelho da maratona de Reims, na França.

Vanderlei deveria cumprir a meia maratona da prova, para então ser substituído por um belga (coelho belga, que chique! rs). Pro Vanderlei, aquilo serviria como um treino, mas seguindo em frente e se sentindo bem, ele ultrapassou o colega no km 35 e completou os 7 quilômetros que o separavam da linha de chegada e venceu a prova (2h11min06s, nada mal... ainda mais pra um "treino").

É isso aí. E você? O que acha? Já parou pra pensar sobre a presença dos coelhos nas provas de atletismo alguma vez? Já presenciou os marcadores de ritmo em alguma prova?

Fontes:
http://espn.uol.com.br/noticia/420319_coelho-rouba-a-cena-em-meia-maratona-e-vence-recordista-mundial
http://www.runnersworld.com/elite-runners/pace-setters-for-elite-runners
http://wp.clicrbs.com.br/corrablogcorra/2013/09/17/curiosidades-como-vanderlei-cordeiro-de-lima-venceu-a-primeira-maratona/?topo=13,1,1,,,13
http://www.telegraph.co.uk/sport/othersports/athletics/10803219/I-gave-it-everything-Sir-Roger-Bannister-marks-60-years-since-his-record.html
https://www.theguardian.com/sport/2004/may/04/athletics.comment
http://www.blueridgejournal.com/brj-rabbit.htm